Hoje estou
catando meus pedaços
Que se
espalharam na última explosão
De onde
arrancaram cavacos
Do corpo
Da alma
Do coração...
Fragmentos,
farpas, cacos,
Deixam frestas
em suas emendas,
Espaços que
jamais serão preenchidos
Vazios dos
que não se remenda.
Sentado estou
no pé da grande escada
Observando os
que sobem sorridentes
Lembrando-me
da minha escalada
E do tombo
que levei, abruptamente!
A lua
enlamecida que desaba
Sobre o rio
negro de águas turbulentas,
Flamejando seu
brilho amarronzado
Que entontece
o lirismo inocente.
Procurei
alguns versos na memória
Mas uns
seixos encontrei ali jogados
Como leito
de um córrego que agora
Tem suas
águas, o seu viço, esgotados!
Catarei todos
os pedaços que encontrar
Colarei com
a cola da ilusão
Preencherei com
cuspe os espaços dos cavacos
Remendarei com
fita o vão do coração.