Seja Bem Vindo!

A democracia é um sistema sustentado por quatro pilares: a mentira, a hipocrisia, a falsidade e a amnésia!

domingo, 26 de junho de 2011

O Menino



Aquele menino triste
nem sabe se Deus existe,
sina de pobre menino
vivendo debaixo da ponte,
onde mora, onde se esconde,
aquele pobre menino
canta a fome
como que canta um hino.
Chora lágrima seca,
soluça soluço rouco
soluço que ecoa no universo
eco surdo e doloroso.
Aquele pobre menino
vive ali abandonado
feito peixe no aquário,
feito velho no asilo,
feito pássaro na gaiola;
pede pão, mas não recebe,
busca u’a mão, mas não encontra,
deseja a paz,
reza em jejum,
até que um dia
aparecem outros mendigos
e expulsam aquele pobre menino da ponte.
Ele sai chorando lágrimas secas,
soluçando soluços roucos
e seguindo seu caminho vazio
só Deus sabe pra onde
começar tudo de novo

terça-feira, 21 de junho de 2011

Quando a Porta Não se Abre...


Foi quando percebi que você não havia aberto a porta;
Atendera-me apenas por uma fresta, sem me convidar para entrar...
O sol queimou minha pele,
À noite passei frio,
A chuva ensopou minhas vestes,
Até que o sol apareceu para secá-las.
Quando tentei ir embora, você segurou meu braço e me pediu pra ficar:
Mas a porta não se abriu.
Eu fiquei...
Fiquei
E dessa vez a chuva veio mais fria,
Os pingos eram como agulhas a perfurar a minha pele...
E o sol?
Quando o sol apareceu queimou-me a pele como fogo
Abrasador e implacável sobre a pele inanimada que jazia sob o tempo.
Com o olhar já inclinado
Virei-me suavemente para partir
Tentando usar gestos leves e imperceptíveis
Para não provocar-lhe o terror da solidão!
Mais uma vez você esticou o braço e me pediu para ficar.
O toque da sua mão fez meu corpo estremecer
Como se a porta apenas entreaberta
Não gerasse distância simbólica tão contundente...
Mas era como se eu fosse um mendigo
Alguém que precisasse implorar um gesto, umas palavras, uma presença...
Como se minha vida nada atraísse, além da piedade...
Como se houvesse apenas uma porta!
Então dessa vez sai,
Enquanto me afastava suavemente
Sua mão deslizava pelo meu braço, num apelo frouxo para que eu ficasse,
Até que nossos dedos se encostaram;
Suas pontas
Não tão sensíveis ao toque, por saberem que seria o último!
Não mais ficaria diante daquela porta
Olhando-te apenas pela fresta...
Moribundo...
Mendigo, talvez,
Culpado por minha própria insolência de não me amar tanto assim...
Comecei a caminhar...
Dessa vez sem olhar para as portas
Que mesmo que estiverem abertas
Não serão convites para eu entrar...!

sábado, 18 de junho de 2011

Meu Lema



Não sei nada sobre a vida
Mas quero ser imortal.
É dura, a nossa lida,
Mas a vida é real.

           Tenho sonhos e esperanças
           E assim sempre vou ser,
           Sempre igual à uma criança,
           Nunca vou esmorecer.

                                 A vida é muito incerta,
                                 Estou disposto à lutar.
                                 A derrota é só uma porta
                                 E o convite para entrar.

                     A esperança é a minha carga
                     E a vitória a minha sina.
                     Se entro na porta errada,
                     Sempre dou volta por cima.

  Quero dar o meu melhor
  Em tudo o que executar,
  Demonstrar o meu valor
  E imortal me tornar.

              Não vim para este mundo
                     Apenas preencher espaço,
                             Vim prá vida, quero ir fundo,
                                   Vim buscar o meu pedaço.

domingo, 12 de junho de 2011

Festa na Roça
















De ato pensado
Na hora da dança
Se era criança
Ou se não ninguém sabe
Se sabe
Que fora um ato pensado
Na hora da dança
Quando se esfolou.
Foi uma queda
Fazendo ferida
E depois da caída
Já se alevantou
Rancou de um punhal
Meio enferrujado
Rodou capoeira
E a terra cortou
A pista de dança
Era de chão batido
Mas tinha poeira
Que se alevantou
Mulheres correndo
Meninos chorando
E os homens valentes
Olhando pro chão,
Quem deu a rasteira
Enquanto dançava
Agora esquivava
Quietinho num canto;
Punhal empunhado
Perna rodopiando
Um grito urrando
Boiada a correr:
Não ficou ninguém
Pra contar a estória
Que se dane a glória
Ninguém quer morrer!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Rememórias



Olhar mimoso de cão raivoso
Após ter roubado um belo osso;
Sentar corcunda, bem na esquina
Vitrificando o passado, como o fechar de uma cortina.
Falar seboso de cão mimoso
Após comer mingau pastoso
Gesto vazio, jeito vadio
De quem nunca fez nada por si mesmo.
Andar raivoso de cão seboso
Após pastar osso roubado
Fica na esquina, vitrificado, como o fechar de uma cortina
Contando coisas do passado.


sexta-feira, 3 de junho de 2011

PARADISE


Na flacidez dos meus dias
nessa minha vida
de pensamentos errantes,
 subjugo-me à ficção de ser.
Pendurado no tempo
em princípios obsoletos,
                          berrantes,
consigo sobreviver.
Deputado da vida
amputado do fulgural
recapeio o livro
Que tenta contar as minhas histórias.
Perscrutando caminhos
hora vis, ora vãos
                          crivo
as minhas poucas e medíocres glórias.
Puto da vida
puta do sistema
prostituto emocional,
me extravaso num poema.
Inocentemente
      me acabo
                  parodial,
entregando-me ao sistema.