Seja Bem Vindo!

A democracia é um sistema sustentado por quatro pilares: a mentira, a hipocrisia, a falsidade e a amnésia!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O Ocaso


Se hoje sou uma folha
Que se desprendeu do galho
E caiu ocultamente atrás de uma moita
Onde os raios do sol não alcançam;
Se sou aquela gota
Que desce na ponta da tromba d’agua
Que compõe a cachoeira
E submerge abrindo espaço
Para o fundo o poço
Onde os raios solares não alcançam;
Se da flor sou aquela pétala
Que se despregou do bulbo
Colorindo tenuemente o chão
Por baixo das folhas secas
Onde os olhos humanos não veem...
E onde desbotará mesmo sem a ação do sol;
Se sou aquele verso
No meio do poema
Que serve apenas de ligação
Aos versos principais...
Se folha:
Vou esperar que um novo vento sopre
Me tirando de detrás da moita
Mesmo que seja para humificar a terra
Com minhas propriedades,
Pois clorofila já não haverá
Para purificar o ar
E através dele trazer vida!
Se gota:
Vou emergir
Trazendo comigo a coisas do fundo do rio
Tentando voltar à correnteza
Para tentar reluzir aos raios solares
Purificando novamente meu ser!
Se pétala:
Me espalharei pela terra
Por baixo das flores
Tentando transmitir minha cor
A algum inseto exótico
Que possa equilibrar a natureza!
Se agora sou o silencio da madrugada
Aquele momento escuro
Quando os grilos se calam
Os pássaros não cantam
É porque o sol brilhou para mim
Apenas no final da tarde...
E talvez eu nem alcance um novo amanhecer.
Mas ainda serei grato
Por ter recebido sua luz
Seu brilho
Seu calor
Porque muitas folhas nascem
Crescem
Vivem por baixo de outras folhas
Sem nunca sentirem o calor do sol.
Muitas flores nascem nas sombras,
Muitos rios estão submersos no fundo da terra...
E existem palavras que nunca se tornaram poemas;



segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A Face e a Terra


,porque os rios são lágrimas
Que descem pela face da terra
Lavando os desamores que enrugam suas costas
Suas crostas
Seus sulcos,
Transformando em pedra o seu interior...
São lágrimas incessantes pelas perdas,
Essas perdas diárias da vida,
Da natureza,
Da fauna, da flora,
Da beleza...
É que os rios regam a face da terra
Que traída sempre se dá
E recebe enxadadas, machadadas,
E o fogo que devia arder de paixão
Arde queimando sua pele,
Seus pelos,
Sua tez delicada e enverrugada,
Condenada pelas mãos dos homens
Que não sabem amar...
Entender...
Lutar...
Respeitar quem tudo lhe dá!
E os rios descem pelos sulcos
Da nossa pele
Da nossa face
Do nosso rosto
Que como a terra recebe marteladas,
Marretadas
E quando o fogo queima por dentro
É sufocado
Abafado
Atrofiando as coronárias que sutis
Infeliz
Tentam desistir de abastecer o coração
Que como a terra ainda teima em existir
Resistir
Suportar
A indiferença da paixãO

sábado, 19 de novembro de 2011

Prêmio Literário!


Hoje não vou postar poesia, porque a poesia está dentro de mim sendo curtida, cevada, cultivada. Quero hoje compartilhar com vocês uma nova conquista. O 1º lugar do Concurso SESI Arte e Criatividade, conquistado por mim mais uma vez nesse evento tão grandioso que há 20 anos serve de motivação para artistas plásticos, desenhistas e literatos "anônimos" para o mercado. Essa iniciativa do SESI de Goiás é muito louvável, pois foi a partir dela que tive a noção de que poderia de fato me tornar um escritor como tantos outros amigos que também se autoafirmaram através desse evento.
Lembro-me do primeiro conto que enviei para o concurso Sesi, foi em 1995, se não me engano. Contava a estória sobre o percurso de uma gota d'agua misturada no fluxo normal, desde sua captação no rio, o tratamento, até o desperdício ao ser descartada por um torneira mal fechada, gotejando. Uma idéia com sua originalidade, mas que foi bem mal descrita por falta de técnica, excesso de timidez, e uma máquina de datilografia que me obrigava a não errar de jeito nenhum.
Interessante quando me lembro dessa passagem é pensar que se eu tivesse tido contato com os jurados, eles teriam me dito algo do tipo: "Filho, você deve gostar de escrever senão não teria enviado seu conto, mas tenta aprender a fazer outra coisa, porque tá muito ruim isso aqui...", é claro que não me diriam com essas palavras, mas me diriam algo assim.
Três anos mais tarde escrevia "Retratos de um Passado", que foi um conto baseado em pesquisas e depoimentos da história de uma pessoa com problemas mentais, aliás, a forma como se deu a composição desse conto é argumento para outro conto, uma novelinha, ou até parte do enredo de um livro.
Esse conto me rendeu o 1º lugar em 1998, e me fez acreditar que poderia ser um escritor. Por outro lado, as pessoas que reconheceram a personagem, fez com que passassem a respeitar mais aquela mulher. O conto contribuiu para que a família dela se mobilizasse para encontrar o pai que ela tanto almejava rever, e me demonstrou que a arte de escrever não precisa ser algo que se faz somente por lazer, mas que é possível associar o lazer a algo mais.
Enfim, textos longos são ruins de ler na net, então ficarei por aqui feliz pelo prêmio recebido e mais animado para continuar essa saga de escritor desconhecido que tem seu blog acessado até na Letônia... vai entender!
Aproveitando a oportunidade, informo que o livro "Joyce, a Louca" é uma coletânea de todos os meus contos premiados até 2005. Um livro muito interessante e que está disponível para aquisição no seguinte endereço: www.biblioteca24x7.com.br basta na caixa de pesquisa que fica no canto superior direito selecionar: autor, e na caixa que vai aparecer acima da caixa de pesquisa colocar o meu nome: Silvio dos Anjos... e boa aquisição!

domingo, 13 de novembro de 2011

Canção de Amor e de Derrota


Quando então me enrolar em teus cabelos
E alinhar meu coração aos seus sentimentos;
Quando minhas narinas sentirem o perfume de sua pele
E compensar a minha tez pelos pensamentos
Saberei que o coração não clama em vão
Por algo que aparentemente jamais poderá ser meu.
Se os caminhos que caminho são desertos
E o por de sol que avisto nem é tão alaranjado
De meus olhos as lágrimas que vertem são vãs
Pois representam imaginações fúteis de minha vida imaginária
Que sobeja a falta de uma realidade tão sonhada
Pelos contraditórios vermes, vírus, que aportam em meu peito
Desprovido de antídoto, de anticorpos, de antimágoas.
Se essa vertente hipócrita que nos domina
É capaz de impedir que grande parte a humanidade viva a falsidade
De acreditar que o faz de conta faz parte da vida
E que a vida pode ser eterna se seguir o que a sociedade dita;
A quem acredita que o beijo furtado é um pecado
Talvez nem seja digno do prazer de ser amando,
Porque o amor é a essência da vida e não deve ser algo programado.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Essas Coisas das Quais Não Entendemos Bem...

Ah, esse vento que sopra vagamente empurrando todas as coisas
Esse frio que corta a nossa pele como se a vida se resumisse a vestir blusas
Essa areia que vem com o vento e às vezes enche nossos olhos
Essa escuridão que às vezes nos envolve nos afastando de tudo...

Tudo que são apenas sensações, mas é de sensações que vivemos
E são essas mesmas sensações que nos enchem de prazer, vitórias e angustias
E quando menos se espera, no piso sólido surge uma mancha de graxa
Essa coisa escorregadia que quase nos joga ao chão...

Quando então cingir minha alma com a luz dos seus olhos,
Labaredas flamejantes do fogo interior que nos queima intensamente
Quando essa luz brilhar sobre mim, em mim, me queimando as retinas
Com a intensidade de um maçarico a me derreter os sentimentos ruins

Quero sorrir e cantar, mesmo que desafinado
Mesmo que eu pareça leso por atitude tão infantil
Pois a vida não dá calores e amores a quem não está pronto pra recebê-los
E mesmo que receba sem estar preparado não saberá o que fazer com eles