Seja Bem Vindo!

A democracia é um sistema sustentado por quatro pilares: a mentira, a hipocrisia, a falsidade e a amnésia!

sábado, 14 de abril de 2012

Crônica de Sábado – Parte III

Depois de deixar a rua onde a moça da baixa autoestima estava, segui até a Avenida Orcalino Santos, mais conhecida como a rua da prefeitura, ou a rua do sambódromo. Continuei meu percurso calmamente, indo em direção a um bar de frente aos Correios, onde pretendia tomar uma água de côco bem gelada. Mas o destino novamente me aprontou uma latada... e digo latada porque ao ler o que vou descrever, vocês vão dizer imediatamente: - Mas esse Silvio dos Anjos tem cada estória... o correto seria até tirar esse dos Anjos do nome dele!!! Mas em algum lugar de Caldas Novas tem algumas testemunhas desses fatos...
Estava me aproximando do semáforo que fica na esquina do Ponto do Café, bem na divisa do prédio da Prefeitura com o Parque de Diversões. O semáforo estava verde pra mim, mas eu não estava com pressa. Afinal agora temos semáforos modernos, daqueles que ficam várias faixas de luz carregadas e vão se apagando paulatinamente, dando o prazo de tempo preciso ao motorista que ainda se aproxima.
Como em todo semáforo há uma faixa de pedestre ali. Próximo à calçada estava um cachorro médio, desses amarelos típicos de rua, sentado. Ao me aproximar esse cachorro se levantou e deixou claro que iria atravessar a rua. Parei o carro, pois vivo indignado com os motoristas que não respeitam faixas de pedestres, como se em algum momento eles também não fossem pedestres.
Confesso que cometi dois erros: primeiro porque a faixa está associada a um semáforo que estava verde pra mim; segundo que eu não acionei o pisca alerta do meu veículo. Mas ante o fato de estar diante daquele ser aparentemente irracional, pensei que seria racional da minha parte, parar. Parei e fiquei olhando o bicho que atravessava a rua, sobre a faixa de pedestres, com uma preguiça de fazer pirraça. Olhava pra ele, e ele parecia olhar dentro dos meus olhos enquanto atravessava.
De repente ouço uma freada violenta. Olho para o lado e lá está uma moça sobre uma Cripton preta (aquelas motos que é só acelerar e que o outro recurso disponível é o freio se o condutor conseguir acioná-lo a tempo). O cachorro havia se descoberto do meu carro, bem no momento que a motociclista se aproximava... por isso a freada brusca.
Foi possível perceber o espanto da moça ao ver aquele animal atravessando na faixa com aquela pirraça admirável. Ela resmungou alguma coisa que não consegui entender, então coloquei minha cabeça pra fora e disse: - Ele está atravessando na faixa, né? Ao que ela riu e concordou... E o pirracento só terminou o nosso lado da pista, quando o semáforo estava vermelho pra nós!
Pensei:
O centro dessa cidade anda todo cheio de câmeras... não custa nada esse cachorro ser dos Amarelinhos, e estar treinado pra testar a gente...rs (amarelinhos, pra quem não conhece, são os guardas do SMT – Sistema Municipal de Trânsito da cidade).
Conclusão:
Primeira Conclusão: se o cachorro for mesmo dos Amarelinhos com o intuito de testar a gente... coitado... logo estará no Plantão Policial de Alisson Maia, como uma vítima do trânsito de nossa cidade...
Segunda Conclusão: hoje as pessoas parecem estar respeitando mais os cachorros do que as próprias pessoas... se os Amarelinhos pensaram nisso ao treinar aquele cachorro pra ficar testando os motoristas na faixa de pedestres... eles são uns gênios...
Besteira, hoje em dia, é o miserável que ao reclamar diz que leva uma vida de cão... daqui uns dias quem disser isso vai ser preso por preconceito animal!!!

Crônica de Sábado – Parte II


Depois de sair do hospital, hoje pela manhã, entrei a esquerda para tomar a rua que passa por trás do hospital e seguir até o centro de Caldas Novas. Quem conhece Caldas Novas vai saber de que rua estou dizendo. Mas pra que não haja dúvidas, vou fazer propaganda de uns comércios aqui dos quais vou lá cobrar meus direitos...rs!!! Estou falando da Rua do Cidu’s Restaurante, e da galeria Portal do Sol onde tem um prédio enorme sendo construído ao lado. É justamente desse prédio que vou falar.
Estava passando diante do prédio, vagarosamente, com o vidro do meu lado totalmente abaixado, deslizando pela rua e curtindo a manhã de sábado e a agulhada que nem doeu, quando me deparo com a cena. Uma moça com roupa típica de ginástica, calça cinza coladinha no corpo, uma blusa preta solta, daquelas que caem deixando o ombro de fora, uns óculos de sol gigante (atualmente não seria diferente), um chapeuzinho bem charmoso. No momento em que a vi, ela estava iniciando sua passagem diante do prédio.
Diminui ainda mais a velocidade e fiquei observando pelo retrovisor, enquanto a moça arrumava a blusa de forma que os dois ombros ficassem a mostra. Caminhava num misto de pressa, vagareza e desfile, tornando o rebolado tão sensual quanto ela conseguia produzir. Cabeça firme pra frente, como se não tivesse noção de que estava passando diante de uma obra. Logo pensei:
Essa criatura bela amanheceu com a autoestima baixa... coitado de mim, então, que amanheci no sábado indo tomar uma agulhada no braço...
Quis apreciar a cena imaginando longos silvos saindo dos andares esqueléticos do prédio, e ovacionadas empolgantes com o grito: Gosssstoooooooooooooooooooosa!!! E acredito que ela também esperava por isso... mas o prédio manteve-se num silencio tão sepucral quanto a justificativa por ele ser apenas um esqueleto, ainda...
Logo pensei:
A viadagem atingiu os pedreiros e serventes também? Até a pouco ainda se ouvia dizer de mulheres que se levantavam e se arrumavam somente pra passar diante das obras e ter sua autoestima erguida por assovios e gritos de gossssssstooooooooooooosa... o que estará acontecendo então?
Logo repensei:
E se tivesse passando um marombado...será que a reação seria diferente?
- Olha menina da calça cinza... se você, por ventura, ler minha crônica, saiba que eu era aquele carro vermelho que estava passando na hora do seu pré-suicidio, mas se você estiver lendo esse texto, é porque ainda está viva e não tem porcaria melhor pra fazer... então, saiba que você estava linda, embora completamente disfarçada sob tantos paramentos, o que te dá ainda mais crédito.
E a moral da história é:
Autoestima hoje em dia, deve ser buscada diante de um espelho e o próprio olhar crítico, pelo ponto de vista positivo do ser. Porque, sinceramente, nunca se sabe diante de que gênero estará passando, no momento em que se busca um elogio... e pra o seu final de semana não ficar tão incompleto e eu não morrer de vergonha da minha classe (masculina)... nunca fiz isso na rua, mas levando em consideração que o meu pai foi pedreiro e sempre honrou as calças... vai uma representação da classe (desses profissionais) que ainda se honra:
FiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiuuuuuuuuuuuuuuuuFiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!
Tenho dito.

Crônica de Sábado – Parte I


Pensa levantar-se no sábado pela manhã, seis horas da madrugada, para doar sangue à seringa de um laboratório de hospital. Esse sou eu nessa manhã.
Chegando lá a técnica investiga meu braço – diga-se de passagem, que somos velhos conhecidos, pois estou sempre indo lá coletar sangue para verificar meus índices – então, olha pra mim e pergunta:
- O que você anda fazendo que essas veias estão cada vez mais sumidas?
Olhei pra ela e não consegui pensar em outra coisa a não ser em responder o seguinte:
- A experiência de receber sua agulha está fazendo com que elas se escondam cada vez mais...
E ela passou aquele algodãozinho ordinário com álcool, espetou a agulha com a suavidade de quem dá um beijo na boca cheia de tesão, e sem pestanejar encontra o jorro sanguíneo.
- Você também, heim? Não adiantou nada as coitadinhas das veias treinarem tanto... você tá bem além da técnica de esconderijo delas...
Ela sem se fazer de rogada apenas retrucou:
- É, mas elas estavam bem escondidas...
E disse isso enquanto enchia dois tubos de ensaio gigantes com meu ouro vermelho, deixando-me pálido e frustrado com minhas veias, naquela cadeira infame de laboratório...
Aí venho eu com a moral da história:
Se tiver um problema, melhor encarar e tentar resolver logo, do que ficar criando técnicas de fuga. Problemas não são coisas palpáveis que se possa trancar num quarto e voltar anos depois pra ver se ele morreu, ou pelo menos está todo embolorado e enferrujado. Antes de resolver, aonde quer que você vá ele irá segui-lo...

domingo, 8 de abril de 2012

Histórias Mirabolantes



“ Ele dizia ao telefone: - Olha eu acabei de chegar aqui na rodoviária, e não consegui falar com você antes porque o meu celular descarregou a bateria...
- Mas se a bateria tá descarregada, como é que você tá falando comigo? (presumo que foi a pergunta).
- É que eu estou aqui na sala dos terminais bancários e espetei meu carregador na tomada do terminal... ai estou conseguindo falar com  você!!!”
Ouvi esse diálogo ontem, por volta da 21h40m, na saleta da rodoviária de Caldas Novas, onde estão instalados os terminais de caixa eletrônico de três bancos. A partir desse ponto não prestei mais atenção no diálogo que se tornava cada vez mais angustiante para o rapaz que tentava justificar a situação.
Pensem comigo... não sabemos qual tinha sido o trato das partes. Fiquei com a impressão de que aquela era a primeira vez que o rapaz pisava em solo caldas-novense. Se essa for uma opção verdadeira... sua visita vinha carregada de desconfianças obvias, por estarem diante do desconhecido...então pensei: Quem em sã consciência irá acreditar que uma criatura qualquer, pra falar num celular, tem a capacidade de usar a tomada de um caixa eletrônico pra ligar para uma mulher?”
Perguntei isso pra minha irmã, enquanto discutíamos sobre o acontecido, e ela argumentou: “ah, um homem apaixonado é capaz de fazer isso sim...!” Então, rapidamente mergulhei no coração e nas memórias e confirmei: “o pior que é mesmo... eu só não sei se teria toda essa criatividade.”
A questão é que sai pensando na situação do rapaz. Além de viajar daquele tanto, chegava desacreditado. Eu, a única testemunha que jamais poderia testemunhar, pois sequer saberia pra quem testemunhar. Então saí decidido a perguntar para as pessoas, quem acreditava naquela história. Que decepção... nem mesmo eu acreditaria se fosse contada pra mim.
Hoje quero que você reflita sobre uma questão que parece ser muito contraditória, mas não é. As estórias prováveis que vem como desculpas, tem mais possibilidades de serem mentirosas do que as histórias mirabolantes...
Essa eu presenciei...

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Versos Maduros

Quero escrever versos maduros
Que desatem esse nó gostoso que amarra meu peito...
Quero te dizer palavras certas
Que te façam entender o que me deixa assim sem jeito.
Que as palavras paradas na garganta
Não amadureçam sem que seus ouvidos ouçam
Que o brilho dos meus olhos
Não se arrefeça; e antes contemplem sua beleza entorpecente.
Quero degustar essas palavras
Pra ter certeza de que serão doces a sua alma
Quero então surfar em seus cabelos
Embaraçando-me em suas ondas lindas e cheirosas;
E que os meus lábios tomem posse dos seus lábios
Num sorriso doce e belo feito um beijo;
E que o seu cheiro então domine o meu cheiro
Feito mulher, menina, flor ainda no orvalho.