Depois de deixar a
rua onde a moça da baixa autoestima estava, segui até a Avenida Orcalino
Santos, mais conhecida como a rua da prefeitura, ou a rua do sambódromo. Continuei
meu percurso calmamente, indo em direção a um bar de frente aos Correios, onde
pretendia tomar uma água de côco bem gelada. Mas o destino novamente me
aprontou uma latada... e digo latada porque ao ler o que vou descrever, vocês vão
dizer imediatamente: - Mas esse Silvio dos Anjos tem cada estória... o correto
seria até tirar esse dos Anjos do nome dele!!! Mas em algum lugar de Caldas
Novas tem algumas testemunhas desses fatos...
Estava me
aproximando do semáforo que fica na esquina do Ponto do Café, bem na divisa do
prédio da Prefeitura com o Parque de Diversões. O semáforo estava verde pra
mim, mas eu não estava com pressa. Afinal agora temos semáforos modernos, daqueles
que ficam várias faixas de luz carregadas e vão se apagando paulatinamente,
dando o prazo de tempo preciso ao motorista que ainda se aproxima.
Como em todo semáforo
há uma faixa de pedestre ali. Próximo à calçada estava um cachorro médio,
desses amarelos típicos de rua, sentado. Ao me aproximar esse cachorro se
levantou e deixou claro que iria atravessar a rua. Parei o carro, pois vivo
indignado com os motoristas que não respeitam faixas de pedestres, como se em
algum momento eles também não fossem pedestres.
Confesso que
cometi dois erros: primeiro porque a faixa está associada a um semáforo que estava
verde pra mim; segundo que eu não acionei o pisca alerta do meu veículo. Mas ante o fato de estar diante daquele ser aparentemente irracional, pensei que seria
racional da minha parte, parar. Parei e fiquei olhando o bicho que atravessava
a rua, sobre a faixa de pedestres, com uma preguiça de fazer pirraça. Olhava pra
ele, e ele parecia olhar dentro dos meus olhos enquanto atravessava.
De repente ouço
uma freada violenta. Olho para o lado e lá está uma moça sobre uma Cripton
preta (aquelas motos que é só acelerar e que o outro recurso disponível é o
freio se o condutor conseguir acioná-lo a tempo). O cachorro havia se
descoberto do meu carro, bem no momento que a motociclista se aproximava... por
isso a freada brusca.
Foi possível
perceber o espanto da moça ao ver aquele animal atravessando na faixa com
aquela pirraça admirável. Ela resmungou alguma coisa que não consegui entender,
então coloquei minha cabeça pra fora e disse: - Ele está atravessando na faixa,
né? Ao que ela riu e concordou... E o pirracento só terminou o nosso lado da
pista, quando o semáforo estava vermelho pra nós!
Pensei:
O centro dessa cidade
anda todo cheio de câmeras... não custa nada esse cachorro ser dos Amarelinhos,
e estar treinado pra testar a gente...rs (amarelinhos, pra quem não conhece,
são os guardas do SMT – Sistema Municipal de Trânsito da cidade).
Conclusão:
Primeira Conclusão:
se o cachorro for mesmo dos Amarelinhos com o intuito de testar a gente...
coitado... logo estará no Plantão Policial de Alisson Maia, como uma vítima do
trânsito de nossa cidade...
Segunda Conclusão:
hoje as pessoas parecem estar respeitando mais os cachorros do que as próprias
pessoas... se os Amarelinhos pensaram nisso ao treinar aquele cachorro pra
ficar testando os motoristas na faixa de pedestres... eles são uns gênios...
Besteira, hoje em
dia, é o miserável que ao reclamar diz que leva uma vida de cão... daqui uns
dias quem disser isso vai ser preso por preconceito animal!!!