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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Quanto tempo você têm?

Estou desde cedo pensando que tenho que postar uma mensagem de inicio de ano aqui no meu blog. Mas parece que estou sem qualquer inspiração pra versejar.  Ao fazer contato com a minha irmã pelo Facebook, ela me lembrou de que hoje é o aniversário de 5 anos da morte do meu pai.  Seria algo completamente pessoal e desnecessário de publicar aqui, se quando me lembro dele, não me lembrasse da ultima conversa que tivemos que, por sinal, aconteceu um mês antes de sua morte, e ele estava aparentemente bem.
Na ocasião ele sabia que estava doente e que morreria logo. Só não quis revelar a ninguém, por querer poupar as pessoas de sua família. Na ocasião em que conversamos, estávamos sentados cada um num sofá da sala, e de repente ele começou a falar sobre o tempo. Não esse tempo da meteorologia, mas o tempo de vida.
Preste atenção nos números... meu pai estava com oitenta e uns e teve a ultima filha com mais de cinquenta anos. Então questionei sobre o fato de minha irmã caçula acreditar, na ocasião, que já era uma garota experiente, vivida, enquanto ele dizia que o tempo passava rápido. Até brinquei dizendo que então poderia ser pai novamente, com uns anos de folga até isso acontecer. Ele riu. Mas o que ele queria era que eu percebesse que o tempo passa muito rápido. Era o fim do tempo dele. Ele dizia que parecia ter sido ontem o dia em que seu primeiro filho nasceu, e o pior, morreria sem vê-lo.
Foi preciso que ele morresse e eu estivesse voltando pra casa, após enterrá-lo, e, de repente, enquanto dirigia e pensava nele, me lembrasse de uma pergunta que queria fazer. Algum assunto que ficara intenso e a pergunta passara batida... quase freei o carro pra voltar e fazer-lhe a pergunta, então percebi que jamais poderia fazer-lhe a pergunta, e que, consequentemente, jamais obteria aquela resposta... foi ai que comecei a entender certas coisas:
•    Nunca deixar para dizer amanhã às coisas que eu já sinto hoje;
•    Nunca insistir em fazer algo que realmente eu não gosto, só porque não sei como fazer para sair daquilo;
•    Nunca me arriscar em aventuras sem risco calculado, que possam eliminar o meu percurso, obstruindo o meu tempo;
•    Ao mesmo tempo, nunca deixar para amanhã algo que eu esteja querendo fazer agora, e que vá me dar muito prazer;
•    Nunca me deter a pessoas que nada me acrescentam;
•    Nunca ignorar pessoas que me façam sorrir, mesmo que seja com as bobagens mais fúteis;
•    Nunca deixar de sonhar, pois o sonho é o alimento da alma, e rejuvenesce;
•    Aprendi que estarei velho quando meu caixão estiver descendo na catacumba;
•    Aprendi que o tempo é o que temos de mais precioso, porque ele é o bem mais deteriorável que temos... o tempo perdido não dá pra ser reciclado... não pode ser reaproveitado pra mais nada, a não ser para as lamentações quando ele começar a fazer falta.

2 comentários:

  1. Grande Sílvio dos Anjos...
    Fica aqui meu prestígio ao poder ler algumas de suas obras, pois isto nos faz refletir o quão pequenos somos em relação ao "tempo" levando-nos a reflexão de obstruir todas as mesquinharias que carregamos e que ELE não é amigo de ninguém, não é?

    Grande abraço!!
    Tennile

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  2. Grande verdade, Tennile, saudades... abraços!

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