Eu estava inclinado a escrever esse texto criticando as secretarias de
governo responsáveis pelas estradas, rodovias, turismo, suas sinalizações e
mapeamentos toscos. No entanto, enquanto me preparava para compor um bom texto
sobre o assunto, presenciei alguns acontecimentos que me levaram e criar esse
texto com uma profundidade maior. Peço licença a vocês leitores, para que eu
possa me alongar mais do que o normal, pelo fato do assunto requerer tal
alteração de estilo.
Fui, recentemente, resolver algumas questões na cidade de Rio Verde –
GO. Nunca tinha ido aquela renomada cidade, então decidi aproveitar a
oportunidade e fazer essa viagem. Tudo ocorreu bem até a hora de ir embora. Estando
eu com disponibilidade de tempo, e sendo eu um cara bem curioso e aventureiro,
pensei... sempre tive vontade de conhecer a cidade de Jatai. Aliás, quando
entrei no meu atual emprego, há uns bons anos, trabalhei com uma filha de Jatai
que era tão marqueteira sobre sua cidade, que me despertou essa antiga
curiosidade. Tenho conhecido pessoas bem especiais daquela cidade, decidi
esticar até lá, mesmo sem a intenção de ver ninguém... apenas curiosidade pelo
local.
Quando retomei a BR 060 não titubeei em seguir rumo a Jatai. Confesso que
foi uma viagem bem surpreendente, a começar por minha decisão repentina. Chegando
lá encontrei uma cidade montanhosa, que me lembrou de certas partes de Belo
Horizonte. Vi a catedral, cuja arquitetura me surpreendeu pois só havia
visto por fotos. Contemplei o clube termal que pode ser bem melhorado,
mas dá uma bela opção de lazer, almocei no shopping que embora seja pequeno, dá
a cidade um aspecto de cidade grande (embora seja uma cidade de aspectos
demográficos bem relevantes).
Era pouco mais de treze horas quando parei em um posto para
reabastecer e voltar pra Goiânia. Havia a indicação de uma nova saída da
cidade, mas que eu desconhecia. Perguntei ao frentista sobre aquela saída e ele
me deu algumas coordenadas. Entrei no carro e segui as coordenadas do
frentista, até me deparar com a BR 060 novamente. Teria que tomar a direção à minha
esquerda, eu sabia. Mas, de repente, vejo um velhinho subindo a pista em que me
encontrava, e ele vinha da direção do trevo. Decidi, nem sei por que, confirmar
a direção que eu devia tomar:
- Senhor, Goiânia está pra aquele lado né? – perguntei apontando pra o
lado esquerdo.
- Não senhor... Goiânia é pra o lado de lá... – ele me respondeu
convicto apontando pra o meu lado direito.
Bom... se ele é daqui e está dizendo isso, tenho que ouvi-lo. Sem confirmar
o que ele havia contradito ao meu conhecimento, segui sua indicação. Havia andado
mais de 100 km quando vi uma placa de saudação: “Seja bem vindo a Mineiros”.
Pensei: mas Mineiros não está próximo a Rio Verde... não me lembro de ter
passado por Mineiros. Envergonhado o suficiente para não precisar confirmar com
ninguém dali sobre a minha localização, liguei pra minha irmã simplesmente para
que ela confirmasse que eu estava a cento e poucos quilômetros mais longe de
Goiânia, do que quando sai de Jataí.
Confesso que roguei uma praga no velho, e que nem vou ousar repeti-la
aqui. Confesso também que a praga voltou pra mim, e não voltou em toda
intensidade na qual havia rogado no velho, porque tratei de me retratar antes
que a coisa ficasse muito feia. Mas uma viagem de 300 km se transformou em 549
km. Uma viagem de umas quatro horas, se transformou em sete horas de viagem.
Quem me conhece sabe que depois de alguma turbulência gosto de buscar
algum aprendizado do acontecido. Diante de tanto contraditório desse fato,
comentando com a minha irmã, concluímos o seguinte:
A grande lição:
Às vezes, ou, muitas vezes sabemos exatamente o caminho que devemos
seguir. Por motivos de baixa estima, insegurança, falta de fé, e outros fatores
por vezes mesquinhos, perguntamos aos outros, o que fazer?... é claro, se não
der certo temos a quem culpar. Outras vezes é por pura covardia...
Os caminhos que tomamos, nessas circunstâncias, muitas vezes acabam
nos levando para o mesmo destino. No entanto, quando pedimos opinião, por vezes
caminhamos muito mais pra chegarmos ao mesmo lugar que chegaríamos se tivéssemos
assumido a nossa coragem, e tivéssemos sido donos do nosso destino.
Aquele velho do trevo me mostrou simplesmente que, se eu sei o que
fazer, estou perguntando pra que? Pra receber informação errada e gastar minha
energia à toa? Pra perder a oportunidade de fazer o certo porque alguém que nem
sabe do que se trata está me dizendo que tenho que fazer diferente?
Muito bom o texto Silvio. Eu acho interessante o fato de que lemos inúmeras frases por aí, que às vezes a gente acha que é só uma frase boba, uma frase de autoajuda atoa... Só quando acontecem esses pequenos acontecimentos é que percebemos o quanto certas frases fazem sentidos. E que podemos/devemos tirar lição de vida de praticamente tudo que nos acontece.
ResponderExcluirVerdade, Pedro. As frases não aparecem do nada...já faz algum tempo que reflito muito sobre isso!!!
ResponderExcluir