Hoje será ontem: amanhã!
E assim a sucessão dos dias
Tragando nossas vidas;
Como se vivêssemos nas senzalas do tempo.
Ignóbeis horas
Que nos fazem pernoitar em nossos desejos,
Sem um caminhar compatível.
E quando nos damos conta;
Ah, quando nos damos conta!
As rugas,
Esses sulcos inexoráveis
Já cavaram toda a nossa face,
Numa erosão metafórica do tempo;
Jogando-nos na falsa ilusão
Que a sociedade impõe
De que somos terras improdutivas.
Mas somos fortes o bastante
Para acreditarmos que seremos salvos,
E que isso acontecerá metafisicamente;
Somos teimosos o bastante
Para acreditarmos na insurreição do tempo,
E que amanhã ainda será hoje,
E que hoje não será mais o ontem de amanhã,
Quando esse dia passar.
Ainda cremos que nossas vidas serão salvas
Antes mesmo do juízo final.
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