Introspecção

Mesmo minhas janelas estando abertas, e recebendo a luz do alvorecer; mesmo minhas janelas estando ativas, recebendo o prisma que traduz em imagens. Hoje consigo olhar somente para o interior desse quarto, onde peças de roupas estão espalhadas, onde há uma cama desarrumada; onde o perfume exala dos lençóis que caem suas metades para fora da cama. Hoje consigo apenas me deter no interior desse quarto, onde meu coração pulsa febril de saudades, embora ainda seja cedo; onde meu sangue corre velozmente pelas veias, dizendo que preciso aplacar essa ansiedade que pulsa em meu coração.  

Não conseguirei ver o sol com seu alaranjado a esconder-se por detrás dos morros. Estarei ocupado, deitado sobre os lençóis ainda desarrumados, observando as peças de roupas jogadas pelo quarto, e sentindo esse cheiro de amor que você deixou.

Hoje vou passar o dia assim, largado, desamparado, pensando no que valeu a pena... pensando no amanhecer, quando você saiu silenciosamente, vestindo a minha roupa, e ao chegar na porta apenas sorriu e nem me disse adeus...