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quarta-feira, 30 de março de 2011

Kaótico

Então arranquei da impessoalidade o im para poder me aproximar cada vez mais. Temia os ventos fortes que te rodeavam como redemoinhos ininterruptos. O trigo que crescia ao seu redor, quase cobrindo nossas cabeças, era apenas o retrato da fartura que viria, se eu mantivesse o im distante, não obstante impresso nas cavas fundas feitas pelos ventos dos redemoinhos. Olhei profundamente em seus olhos de luz de sol, e ceguei minha visão da alma. Tão soturno fiquei na minha noite, mas com estrelas cintilando dentro de mim, estrelas suas, estrelas fabricadas pelo brilho de seus olhos, dois sóis, duas fontes de luz.
Feliz eu reclinei e abri as janelas que pude abrir, para que o raio de luz do seu olhar, seus sóis, entrasse e abominasse o mofo que jazia no interior de minha alma. Pois somente aquela luz brilhante, incandescente, quente, poderia usurpar a alegria que estava oculta no canto de um armário perdido, e depois devolvê-la a mim, sem cobrar, sem julgar os dias pálidos e mofados que me condenaram a viver naquela falta de luz.
Vi então que iria acontecer e não perdi um só segundo, um só raio, um só facho de luz que penetrou pelas janelas aquecendo o interior nebuloso, que agora se revigorava ensimesmado perguntando-se de onde vem tanta energia.
A vida parece um tabuleiro de xadrez onde os jogadores de igual modo vencem uns aos outros, mas às vezes empatam. Jogadores que desconhecemos, mas que por desígnio do destino manipulam as pedras com mãos ágeis, mentes brilhantes, numa luta sem precedentes onde as pedras mudam seus valores constantemente.
Mas os ventos continuam investindo alucinadamente, tentando arremessar as pedras do tabuleiro à distância. O im, porém, está enterrado... estamos tão mais próximos que nossas rainhas e reis confundem os jogadores. As cavas feitas pelos redemoinhos, já não parecem tão ameaçadoras...  e o vento, e o tempo, se encarregarão de produzir os pães com os trigos que crescem, e assim fartar nossa fome imensurável...

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