Hoje quero apenas acordar e contemplar o paraíso. Não que eu esteja falecido, e tenha sido bom... ou essas coisas todas que nos ensinam. Quero acordar e olhar para os lados e ver... mas ver de verdade; não apenas enxergar os obstáculos, simplesmente para não esbarrar nas coisas que estão a minha volta. Quero perceber a importância de cada coisa; quero sentir o calor do sol na minha pele... mas não quero pensar que esse sol está emitindo raios ultravioletas que podem me provocar câncer. Hoje eu quero sentir o sol e perceber o milagre que o faz estar ali, a milhões de quilômetros, mas ainda assim brilhar, aquecer, produzir energia, produzir polêmicas, produzir essa luz magnífica que determina o nosso dia. Hoje eu quero olhar para a pedra que me fez tropeçar e doer a minha unha encravada, e perceber sua forma, sua rigidez, sua posição estratégica para fazer doer um dedo desatento como o meu. Quero entender de uma vez por todas, que se tropecei é porque não observei que a pedra estava ali, descansando, e eu obstrui o seu descanso para chutá-la e incomodá-la, e ainda xinguei por ela ter feito doer o meu dedo.
Não quero, em momento algum, parecer um Poliana, que achava tudo maravilhoso, mesmo diante das mais terríveis adversidades. Decidi que quero ver as coisas, e perceber o quanto tenho sido omisso com a minha própria vida... com a minha própria realidade. Porque enquanto dormia, alguém me disse que a minha vida pertence somente a mim, e que meus olhos enxergam o que somente a minha mente é capaz de ver... por isso, hoje eu acordei vivo, ao contrário da maioria dos dias que pensei ter vivido, mas estava apenas vagando por aí...
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