Sobe a noite negra e sombria
e a alma chora sua doce agonia
perdida em tempos fugidios
com seus momentos vazios
pares ímpares dessa metamorfose que é a vida.
Sortilégios fugazes
dessa noite de negra fantasia,
onde um palhaço sozinho
ao som surdo da ribalta se exalta
reprisando o espetáculo que há muito se acabou...
Nem animais, nem estrelas, nem bailarinas:
aquelas meninas que sonhavam
com um sucesso inalcançável
ao invés de uma vida pobre e cheia de varizes
choravam na madrugada fria e eterna
Sem vender um só ingresso,
raízes de suas lutas de meninas
que não resistiram ao tempo...
aquelas meninas que agora
já são velhas senhoras estropiadas
pelo sonho infante e juvenil
conhecedoras do insucesso alcançável
com seus corpos marcados e doídos
pelo sonho que se acabou.
Mas o palhaço ainda sorri
e a noite não lhe espanta
mesmo negra lhe acalenta
o sonho que há muito...
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