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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Chassassino(a) de Realengo

Sei que vão me criticar por eu abordar esse assunto da forma como vou abordar, e no momento em que vou abordar. Mas é assim que sou, e não vou fugir a regra. A polêmica é, na maioria das vezes, a maneira mais chocante de se levar à reflexão, porém a maneira indispensável para isso.
A revolta que todos sentem pela chacina de Realengo não é menor em mim. Doze vidas ceifadas sem qualquer motivo lógico, mas apenas pelo desejo de um esquizofrênico em realizar uma fantasia crescente de seu mundo privado. Somente um desejo de uma mente perturbada que vê o mundo com uma visão extremamente pessoal e, conforme especialistas, irreal.
Faço minha primeira pergunta polêmica: - quem é que sabe o que é a realidade para cada indivíduo? Existem as regras básicas, porém as regras que me apontavam uma realidade quando eu era criança, já estão muito diferentes das regras que apontam à realidade de hoje. Então, como posso olhar para o indivíduo que está ao meu lado e querer aplicar a regra que vejo como realidade?
Outra polêmica que quero apontar é a da comoção coletiva. É bem natural a nós, seres humanos, nos comovermos coletivamente diante de um caso desses. Tão óbvia a comoção que, posso afirmar nesse caso, que é uma realidade. Por outro lado, poderíamos dizer que é uma comoção clichê, pois quando acontece uma guerra, esse sentimento se torna abstrato, ou seja, depende o lado da guerra em que estivermos.
Quero dizer com isso que, ao participarmos da comoção coletiva acabamos por ignorar fatos extremamente relevantes, que deveriam nos trazer algo menos inútil do que a simples repetição do fato pela imprensa, praticando uma forma de endeusamento do bandido, com o único objetivo de ganhar audiência. E, diga-se de passagem, o nosso lado negro de querer estar ouvindo insistentemente todos os detalhes do episódio, como se saber disso adiantasse alguma coisa.
Quando ouvi a entrevista, veiculada pelo Fantástico, da professora da primeira sala que o indivíduo entrou, a ouvi afirmando que aquela escola não possui histórico de violência. Na mesma reportagem ouvi um grupo de ex colegas do assassino, dizendo que ele havia sido, inclusive, colocado de ponta cabeças num vaso sanitário, e havia sido dado descarga, fora outras coisas que foram ali reveladas.
Será que eu sou esquizofrênico também e estou ouvindo coisas demais? Ou existe alguém tapando o sol com a peneira.
Em momento algum quero julgar, ou acusar aquela profissional da Educação de qualquer coisa. Mas naquele momento lembrei-me do filme “Bullying” que recomendo a todos que assistam. É a simulação dos fatos reais, cujos elementos do filme podem ser encontrados nesse caso de Realengo, em quase sua totalidade. Basta olhar de forma mais fria, talvez, sem a influência da comoção social.
Volto, nesse momento, a minha primeira pergunta. A realidade da escola é uma e a realidade dos alunos é outra. Não é a escola uma instituição composta por alunos? Mas os discursos são completamente contraditórios. Continuo a perguntar: - quem poderia saber qual era a realidade daquela mente doentia? E continuo perguntando: - se as tais realidades estivessem alinhadas, aquele indivíduo não deveria ter sido tratado com igualdade?
Podem dizer o que quiserem sobre mim, mas acredito que o respeito e a condição de assumir os fatos como fatos, são coisas de uma mesma significância e relevância. Desrespeitar é sempre um motivo de alto risco, pois ninguém é capaz de saber o que está se passando pela cabeça do outro naquele momento, nem tão pouco como funciona a tal cabeça.
Se não há educação no mundo suficiente para que as pessoas se respeitem pelo que são, então deveriam se respeitar pelo medo. Existem muitos Wellingtons por ai, prontos para surtar em nome de qualquer coisa que os dê aparente motivo para extravasarem sua loucura. Por outro lado, existe uma sociedade preconceituosa e preguiçosa que prefere colocar a culpa no que for preciso, para não assumir os seus próprios defeitos e problemas latentes. O que vi até agora, foi a disseminação de ódio e especulação através de reportagens, artigos na internet, e comunidades do Orkut, por exemplo, e muito pouca (ou nenhuma) análise sobre o que nós, sociedade, precisamos aprender com essas calamidades.

3 comentários:

  1. muito bom esse texto. achei que estava ficando esquizofrênico ao acompanhar todo esse espetáculo midiático de linchamento, pensando ao contrário; não concordando com que vi. porra, como é que eu vou me colocar como um juiz implacável e sair condenando previamente o elemento que cometeu esse ato? ele é fruto dessa sociedade doente, de um mundo doente. de uma mídia doente.
    valeu pelo texto, meu camarada.

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  2. concordo plenamente com essa ideia, o mundo vive de maquiagem e hipocrisia, além do oportunismo!!!

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