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sábado, 15 de janeiro de 2011

Acho que Estou Dormindo com a Minha Mãe...

Do outro lado da janela, outro dia, encontrei um amigo antigo, daqueles que já não via há muito tempo. Quando iniciamos nosso bate-papo, ele me fez uma reveleção tão espantosa, quanto a agilidade de seu raciocíno ao analisar determinados assuntos. De repente ele me disse: "acho que estou dormindo com a minha mãe". Isso é território sagrado, não se diz nem por brincadeira. Decidi, então, escrever essa crônica baseada nos devaneios do meu amigo.
Não faz tanto tempo assim, decidi que me emanciparia através do amor. Encontrei (com muita sorte) uma bela garota que, (não sei por que) apaixonou-se loucamente por mim. O jeito é me casar logo, pensei... “cavalo arreado não passa duas vezes na mesma porta”, é o que diz o ditado. Avisei a minha mãe que não me olhou com bons olhos. “Quero conhecer a sirigaita” disse num rompante que me irritou. “Ela é a nora que a senhora pediu a Deus, mamãe...” (lembrando das curvas perigosas) respondi pensando no fundo de minha alma que aquela dependência logo acabaria. Foram apresentadas e, educadamente, uma arreganhou os dentes para a outra, enquanto eu fingia estar distraído. Achei por bem marcar logo o casamento, antes que a minha mãe desse um de seus delirantes ataques de ciúmes. Esqueci-me de esclarecer, mas sou filho único.
Passamos uma semana em lua de mel. Embora ame a minha mãe, me sentia como um condor e explorar o céu e a terra, sem limites. Era um sonho na beira do mar, o marulho das ondas nos acordando com os raios da aurora nos avisando que tínhamos que aproveitar o dia. Foi assim até aquela manhã que um som estridente penetrou em meus ouvidos. Os raios da aurora não fazem barulho, pensei... talvez estejam testando uma arma nuclear no mar! Tentei puxar o cobertor sobre a cabeça, mas senti um frio queimar minha pele (não havia mais cobertor). Ainda com olhos baços, pensei estar vendo a minha mãe aos pés da cama. “Meu amor, é hora de se levantar e tomar um banho...” disse-me estendendo o braço com uma toalha. Torci a cara e quis resmungar, então ouvi aquelas palavras carinhosas: “não adianta reclamar, que o cafezinho está quentinho te esperando pra depois você ir trabalhar...” Ok, venceu... me levantei e fui para o banho.
“Deixa eu arrumar o seu cabelo” me disse desarrumando o meu penteado despenteado que sempre adorei, “e a gravata”, disse logo centralizando a minha que estava levemente torta, pois eu copiava o “saudoso” estilo Collor de Melo. Torci o bico e sentei logo a mesa para o café. Um babador gigante, improvisado, foi colocado sobre o meu peito. “Eu não quero que o meu bebê chegue sujo no primeiro dia de trabalho, casado... poderiam achar que não estou cuidando bem do meu bebê!” E comecei a tomar café sozinho, pois ela sentou-se na minha frente para admirar-me. “Por que você também não come, querida?” perguntei ao perceber que estava diante de minha esposa (e não de minha mãe). “Ah, quero ficar te olhando” disse olhando mesmo era para o relógio, e em seguida dizendo “mas não demora muito, senão vai se atrasar...” e o rosto diante de mim oscilava entre o da minha esposa e o da minha mãe.
Talvez seja por isso que as sogras tenham má fama, pensei. Quando se trata dos genros, são omissos o bastante para elas pensarem que se o mundo acabar, eles serão capazes de sair correndo e deixarem suas esposas (filhas da sogra) para trás. Quando se tratam de noras, elas ameaçam a soberania possessivo-maternal das mães dos pupilos, de tal forma que a indignação se torna uterina, pois ambas os têm. Saí para o trabalho pensando no quão fora bom ter minha mãe... excelente ter minha esposa que seria aquela continuidade da indisplicência, com a vantagem de que, como diz um poeta amigo meu: "existem coisas que não se pode fazer com a mãe..."

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