que o poeta um dia falou
em seus versos de amor e de amar
pelas trilhas das letras ficou
Se eu soubesse igual ele, rimar
muitos versos faria também
mas nos rostos ia procurar
a poesia nos olhos de alguém
No entanto não sei escrever
poesias prá alguém que chorou
e nas letras encontre, ao ler
o amor que o destino roubou
Tento então com o pouco que sei
quatro versos pequenos compor
versos que nunca recitarei
pois não falam sequer de amor
Que farei para um dia então
escrever um versinho encantado
flecha viva em dois corações
de um casal feliz, apaixonado?
Sem resposta recolho-me a mim
vou bem fundo dentro do baú
e vasculho, remexo até o fim
e encontro um coração azul
Abro então o pobre coração
que sozinho esquecido ficou
cheira mal e não tem emoção
pois faz tempo que ele parou
Olho bem, olho mais uma vez
pobrezinho ali esquecido
tão sozinho ele não se refez
do amor de outrora, perdido
Penso então na sua solidão
ele que um dia se encantou
e agora na palma da mão
ao destino sozinho se entregou
Venha ao pátio quero lhe mostrar
essa lua redonda no céu
no escuro está a esperar
que as nuvens lhe cubram, seu véu
Pois o sol nascerá amanhã
tão solteiro na imensidão
nem estrelas lhe são guardiãs
seu destino é brilho e solidão
Nem por isso querem desistir
sol e lua em suas vidas de dor
permanecem, sabem resistir
a distância implacável do amor
Pacientes esperam brilhantes
um eclipse para se encontrarem
para ao menos por poucos instantes
sobre os olhos do mundo se amarem.
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